domingo, 28 de setembro de 2014


Conceito de Pomba gira



Pomba gira é uma entidade espiritual da umbanda que se manifesta incorporada em um médium, e é também a mensageira entre o mundo dos orixás e a terraA umbanda, uma religião brasileira com origens africanas, foi trazida para o Brasil pelos escravos de origem bantu, é caracterizada por vários rituais. A pomba gira está fundamentada como arquétipo criado a partir da bombogira, originária dos cultos africanos de Angola.Com o tempo a entidade construiu um arquétipo de mulher liberada, exibicionista, provocante, e livre das convenções sociais e passou a ser chamada de pomba gira. Segundo a umbanda a pomba gira é um espírito da luxúria, sendo que todos os prazeres desse mundo lhes são agradáveis.
Segundo alguns sacerdotes, a pomba gira é um espírito de mulheres que em vida foram prostitutas, ou mulheres ligadas aos prazeres das coisas carnais, e que ao morrer se transformaram em entidades espirituais que voltaram para evoluir ajudando os outros.
A pomba gira é especializada em amor e relacionamentos por ser a orixá do trono do desejo e dos estímulos. É vista como a personificação das forças da natureza, que equivale à força feminina de Exu – orixá guardião do comportamento humano, das casas, das aldeias etc.
As cores predominantes da pomba gira são o vermelho e o preto. É representada com saias rodadas, blusas rendas, colares, flores e muitos enfeites. Suas oferendas preferidas são o champanhe, o vinho, a pinga, o espelho, as bijuterias, batons etc.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Quimbanda

( Foto retirada do Google Imagens )

 

Denomina-se Umbanda Branca,aqueles que trabalha unicamente com Pretos Velhos e Caboclos.Esquecendo que onde se pratica o espiritismo, existe todo tipo ou grau de espírito.Exu é um dos grandes pontos de conflito na Umbanda com relação a outras Religiões, por falta de entendimento. 

Muitos acreditam que nossos Exu são demônios maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se regozijam das perversidades que podem provocar. Para nós Exu é um Orixá, mas por que este Orixá, irmão de Ogum animado, gozador, alegre, divertido, sincero e sobretudo amigo é comparado com demônios das profundezas macabras dos Infernos? 

Bem, para conhecer esta história vamos viajar para 6.000 anos atrás, local, Mesopotâmia. A Demonologia mesopotâmica influenciou diversos povos, Hebreus, Gregos, Cristãos e outros que sobrevivem até hoje. Na Mesopotâmia, os males da vida que não constituíssem catástrofes naturais eram atribuídas a fazer isso. Os Bruxos, para combater as forças do mal tinham que conhecer nome dos Demônios e perfaziam enormes listas. 

                                                        ( Foto retirada do Google Imagens )

O Demônio mau era conhecido genericamente como Utukku, o grupo de sete (7) Demônios maus é com frequência encontrado em encantamentos antigos. Se dividiam em machos e fêmeas, tinham a forma de meio homem ou mulher, cintura e pernas de cabra e garras nas mãos. Os Demônios frequentavam os túmulos, caminhos (encruzas), lugares ermos, desertos, especialmente durante a noite. Nem todos Demônios eram maus, havia os bons que combatiam os maus, os benignos são representados como gênios guardiões em número de sete (7) que guardam as porteiras, portas de templos, cemitérios, encruzas, casas e palácios. 

Bem, os negros em suas Senzalas nas quais os brancos achavam que era forma dele eles saudarem os Santos, incorporavam alguns Exus com seu brado e jeito maroto e extrovertido assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os médiuns dizendo que eles estavam possuídos pelo Demônio. 

Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua hipótese de que essa forma de incorporação era devido ao Demônio. Assim, como Exu não é bobo assumiu, sem  dizer que sim ou que não, esse esteriótipo colocado pelos brancos.

 

                                                                 ( Foto retirada do Google Imagens )




                      Texto retirado do livro: Umbanda e Quimbanda de Ety J. Pepino de Aguiar.

domingo, 19 de agosto de 2012

Entrevista com Mãe Sylmar D'Oxalá


Yalorixá Mãe Sylmar D’oxalá

 


A entrevista de hoje é com a Mãe de Santo do nosso entrevistado anterior (Luis Coimbra D'Oxalá) a Yalorixá Mãe Sylmar D'Oxalá. Como falamos anteriormente, o centro dela se localiza no bairro Parque Marinha.




ENTREVISTA:


>Como se chama seu Ilê e por que você escolheu esse nome?
* Centro Espírita de Umbanda Afro Reino de Oxalá e Iemanjá e seguidores do Caboclo Girassol registrado pela URUMI.
 

>Por que você escolheu essa Religião?
 Quando eu tinha, mais ou menos, sete anos eu já tinha vidência e minha mãe, que não era de Religião, começou a me levar no Cruzeiro do Sul e lá eles fecharam o meu corpo e com 12 anos ela teria que me levar numa casa de Umbanda, e na esquina da minha casa tinha uma terreira e minha mãe me levou para essa casa onde comecei minha Religião. Fiquei um tempo nessa casa e depois fui para outra onde fiquei mais um tempo até chegar à casa do meu último Pai de Santo Brandão D’Iemanjá que já é falecido e hoje não tenho Pai de Santo.

 >Qual foi à primeira entidade que você recebeu?
A primeira entidade que recebi foi o Caboclo Girassol.

>O que você acha da exposição da religião na mídia (TV, rádio, internet, redes sociais, entre outros.)?
* Depende o que vai se expor, já vi filmagens e fotos de Obrigações na internet e eu jamais faria esse tipo de coisa e na minha casa não deixo bater foto das Obrigações. Eu acho que a Religião não é para ser exposta dessa forma.

>Por que no batuque as pessoas tem que andar em circulo, quando numa terreira de caboclo a corrente é voltada para o centro?
* No Batuque se dança na volta e as pessoas estão passando pelos seus Orixás, recebendo eles nessa dança, onde você dança na roda automaticamente esta passando pro seu Orixá e a corrente não precisa desse movimento por que ela é uma concentração e no Batuque não precisa dessa mesma concentração.

>Pela sua doutrina, como uma entidade recebe a permissão para falar, em uma terreira?
* Tem pessoas ela chegar hoje numa corrente e receber uma entidade e essa entidade se ajoelha e riscar seu ponto na primeira vez que chegou e tem pessoas que pode levar anos. Então não existe um tempo determinado vai do Cacique quando vê que a pessoa já tá recebendo sua entidade sozinha, ele chama a entidade e pergunta se ela esta preparada dar prática (dizer quem é). Ninguém obriga uma entidade a dar prática, quem tem que responder se está pronto pra dar prática é a própria entidade que tem a permissão de dar prática, riscar seu ponto e explicar o ponto e dizer quem ele é quem tem que saber é a entidade e não a gente. Na minha casa eu chamo as entidades e pergunto se ela está pronta pra dar prática, alguns dizem que sim e outros dizem que não, e quando eles estão prontos eles mesmos me fazem sinal que já estão prontos pra dar a prática.
 
>Pela sua doutrina, por que se toca o sininho durante as obrigações (terreira,batuque etc...)?
* Toca se o sininho para fazer a chamada do Orixá.

>Para você, a partir de que idade uma pessoa pode receber uma entidade?
* Depende de cada pessoa e do grau de mediunidade de cada pessoa.

>O que é um Cambono e qual sua função na terreira?
O Cambono, na Umbanda, é uma das figuras mais importante depois do Cacique pra depois vir o Tamboreiro. O Cambono deve ser uma pessoa de plena confiança da casa, por que todas as entidades que vão dar uma consulta pra qualquer pessoa da assistência ou da casa mesmo, ele tem que ter o Cambono junto até mesmo para as pessoas não saírem dizendo que a entidade disse uma coisa e aquilo não ser real.

>O que seria um Exú e uma Pomba gira?
* A Pomba Gira é o espírito pouco doutrinado que vive junto de nós na terra. As pessoas dizem que a Pomba Gira tem chifre e rabo, mas essa é uma imagem feita pelo homem. Fazem essa comparação por que é um espírito de menos luz do que um Caboclo, um Preto velho, e que vive muito no nosso plano e por isso as pessoas que não conhecem julgam dessa forma, mas não é verdade.

>Com quantos anos você abriu sua casa de Religião?
* Em 1986 tive o meu primeiro registro, foi quando comecei a ter casa de Religião, e eu vou fazer mais ou menos 36 anos de apronte.
 
>Por qual motivo seus filhos (carnais) também são dessa Religião?
Meus filhos são da Religião por gostar e ter afinidade com a Religião e por, também, eu induzir eles a serem da mesma Religião que sou. As pessoas dizem que tem que ir quando tiver certeza, com tal idade... e eu acho que os maiores preconceituosos da nossa Religião somos nós mesmos.

 >Existe um tempo determinado para que um Filho de Santo receba seus Orixás e se torne Pai ou Mãe de Santo?
Eu acho que existe sim, por que tem que ter uma preparação para isso, mas não existe um tempo exato por que varia de pessoa a pessoa, tem que ter uma boa preparação para receber seus Orixás, Axés etc...

                              
     
LIVRE

 Uma coisa que eu vejo muito é a falta de união e respeito entre as famílias africanistas, principalmente entre os Pais de Santo. Se os Pais de Santos respeitassem mais a sua própria casa de religião e as entidades com certeza eles conseguiriam passar sua doutrina para seus filhos.Espero que haja mais união e que as pessoas não descriminem sua própria religião.


Endereço: rua Mar Adriático, casa 90
Bairro: Parque Marinha        
Telefone para contato: 21253113/ 81080655            
E-mail para contato: sylmarcascaes@hotmail.com
Horários de atendimento:14hs ou hora marcada.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Um pouco mais sobre Umbanda




Falar sobre a Umbanda não é uma tarefa fácil, principalmente, quando há uma diversidade de opiniões, ritualística e até mesmo preconceitos.
A Umbanda assim como o próprio cristianismo e outras religiões, se ramificou: Umbanda traçada com Candomblé, Umbanda branca Umbanda Esotérica,Umbanda Traçada com Quimbanda e tantas outras.
Esses diversos nomes não tiram o mérito da Umbanda de ser uma única Religião, porém, com diversas formas doutrinárias, ritualísticas etc...
Falarei da Umbanda, como a conheço, como me foi e é ensinada. Embora, saiba que muitos não admitam essas ramificações e vejam isso como um ponto fraco, entendo que isso é que a torna rica e culturalmente  diversificada. Acolhendo a todos, independente de sua cor, credo, raça, opção sexual, condição econômica, nível social ou de instrução. 
A umbanda é uma Religião para todos, com várias nuances mas que acolhe seus filhos de braços abertos, como uma verdadeira mãe. Não falarei de maneira unilateral  ou como definitiva, pois tudo evolui, e seu lado mutável, e isso só é feito com o tempo.                            
                                          Umbanda no Brasil 

O africanismo teve sua origem trazida da África para o Brasil, que nos porões dos navios vinham em centenas. Vieram de todas as nações: Nigéria, Keto, Cambinda, Congo, Moçambique e outros.
O tráfico desses negros escravos iniciou-se no século XVI a XIX, são portanto 400 anos de existência da Cultura Negra no Brasil.
O Sincretismo religioso surgiu dentro das senzalas brasileiras, onde os negros transportados para o Brasil, como forma de mão-de-obra escrava não tinham direito a ter família, Religião ou credo.
Os Senhores Feudais os obrigavam a crer na Religião Católica, aceitar a eucaristia e, consequentemente, a adorar santos Católicos. Sem alternativa, eles montavam dentro das senzalas, altares. Faziam o assentamento (montagem com todos os seus adereços e rituais) da divindade africana.
O assentamento era feito no chão e sobre eles era colocado uma pedra. Em cima desta pedra os escravos colocavam o santo Católico que mais se assemelhasse ao Orixá.
E quando chegava a noite, longe dos olhos da Casa Grande, começava a adoração aos deuses africanos. O manto dos Santos caia dando lugar as rezas, cantorias e danças. Preparando assim, os filhos e dando um pouco de esperança ao povo já tão sofrido, cujas raízes lhes haviam sido tiradas.
Com os escravos foragidos e libertados pela Lei Áurea (13 de maio de 1888), começou a montagem de tendas, e posteriormente os terreiros. Os escravos, que em outros tempos tinham que  trabalhar às escondidas, agora livres  serviam tanto aos de seu povo quanto aos brancos.
Também nessa época, as casas maçônicas e os espíritas de Allan Kardec, já haviam firmado seu lugar e foi no meio dessa conjuntura religiosa dominada por brancos católicos, espíritas e maçons que as raças mais sacrificadas desrespeitadas e desqualificadas pelos brancos (os índios e negros) começaram a dar início à Umbanda.
Já no fim do século passado, médiuns começavam a incorporar almas de escravos e índios que vinham na intenção de servir aos vivos, mas estes espíritos não eram aceitos por que até então não se conhecia o que mais tarde seria chamado Linha das Almas. Mas essas incorporações eram o prenúncio do início  da Umbanda no Brasil.
                                                                                  (Mandala da Umbanda)
                                                 Primeiro Terreiro
O dia da Umbanda é comemorado no dia 15 de Novembro. Nesta data  no ano de 1908, um jovem de apenas 17 anos de nome Zélio Fernandino de Moraes incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Zélio foi atacado por uma estranha paralisia que a medicina não conseguia curar, um dia levantou-se da cama e começou a andar como se nada houvesse  acontecido. Procurando encontrar uma explicação para o que tinha acontecido, procurou a Federação Espírita de Niterói, onde foi convidado a participar da mesa, a sua presença  provocou a manifestação nos médiuns, de espíritos que se diziam de pretos escravos, índios e caboclos, e ele próprio pela primeira vez o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
 Foi imediatamente advertido para que se retirasse pois o chefe dos trabalhos o recebeu como um espírito sem luz. O caboclo, mostrando seriedade e altivez, interpelou quem o expulsava afirmando que ali estava para simbolizar a humildade e a igualdade que deve existir entre os homens encarnados e desencarnados; deixando claro que sua condição de índio não devia servir para diminuí-lo. Diante da insistência do coordenador dos trabalhos para que se retirasse o Caboclo declarou  que no dia seguinte iniciaria novo culto e que este seria propagado pelos quatro cantos.
Se julgaram atrasados esses espíritos dos pretos e índio, quero dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho, para dar início a um lugar em que eles poderão dar suas mensagens, e assim  cumprir a missão que o pai os confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a paz que deve haver entre todos os irmãos. Não haverá caminhos fechados para mim.
E assim foi feito, no outro dia ele voltou e encontrou diversas pessoas que, sabedoras do ocorrido, tinham para lá se dirigido a fim de se consultarem. Dessa forma, aconteceu      a primeira Sessão de Umbanda. Neste dia, também o Preto-velho Pai Antonio se manifestou.
O Caboclo cumpriu a promessa e entre 1918 e 1937 foram fundadas diversas casa no Rio de Janeiro. Em 1920, o movimento começa a espalhar-se pelos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul o primeiro terreiro de Umbanda, fundado em RIO GRANDE por Otacílio Charão. Em 1932, Laudelino Gomes funda o primeiro terreiro em Porto Alegre.








Texto retirado do livro: Umbanda e Quimbanda de Ety J. Pepino de Aguiar

domingo, 29 de julho de 2012

Pai Luiz Coimbra D'Oxalá

(Pai Luiz Coimbra D'Oxalá e sua esposa Isabel D'yemanjá)


Hoje a entrevista é com Pai Luiz Coimbra D'Oxalá que mora no bairro da Quinta, ele e sua esposa Isabel D'Yemanjá atualmente são Filhos de Santo da Mãe Silmar D'Oxalá que tem seu ylê no bairro Parque Marinha.
Luiz Coimbra é pronto na Religião á 9 anos e a primeira entidade que recebeu foi o Exú Maioral, a 15 anos. Ele comenta que não se considera um "Pai de Santo"  e sim um Zelador da Umbanda, ele fala também que escreveu um livro com histórias de Preto-velhos contadas pelo Preto-velho dele e de outras pessoas também mas que ainda não foi publicado.



                                                           (Pai Luiz Coimbra D'Oxalá)


ENTREVISTA



Como iniciou sua trajetória religiosa?


* Geralmente as pessoas entram pra religião por doença ou pela própria opção religiosa, pela família já fazer parte da religião e no meu caso foi diferente por que eu estava me preparando pra ser padre, mas acabei tendo algumas decepções e acabei procurando o avô do meu compadre que tinha casa de religião, nós conversamos e fiquei confortado, tempo depois eu voltei e ele jogou os Búzios e fiquei impressionado e me encantei por aquilo. Abandonei o seminário, frequentei também  o Kardecismo, logo depois comecei a frequentar a casa do Pai Ronei onde se deu minha iniciação religiosa. 
>Qual é sua posição com sua família em relação à religião?


* Eu acho que devemos dar permissão a família da gente de ter sua opção religiosa, a gente incentiva os filhos a seguir numa coisa que a gente quer e que gosta,mas você não pode induzir a ter a mesma religião que nós. Se minha filha mostrar interesse em entrar para minha religião, apenas por que ela gosta, eu pediria pra ela aguardar um pouco mais até para não cometer o erro, que hoje, alguns cometem.

>Qual a sua opinião sobre a Modernidade na Religião?

Existe muita coisa na nossa religião que tem  que evoluir, mas tem coisas que é de mais, por que a religião ta evoluindo mas  estão esquecendo o fundamento. A nossa religião tem que evoluir mas sem perder a essência. 

> Você tem casa de Religião ativa?




* No momento minha casa não tem movimento de religião pelo local onde moro,mas já teve e eu pretendo mudar para um lugar onde eu possa dar continuidade nos meus trabalhos. Por isso, no momento eu me considero mais um Zelador da religião do que um Pai de Santo, pois tenho meus Santos e tudo mais na minha casa.

>Por que algumas imagens de Santos Católicos são utilizadas pela Umbanda mas com outros nomes?

Quando os negros vieram para o Brasil criaram a Umbanda, e sendo escravos eles tinham o direito de aceitar a religião do País que era o catolicismo por que os portugueses eram todos Católicos e eles só aceitavam se os que tivessem abaixo deles fossem Católicos. Então o negro veio com seus Orixás  para o Brasil e descobre que não tem lugar pra eles, ou seja o negro veio escravizado e os Orixás vieram escravizados junto, então ele pegou uma pedra do rio (Ocutá) que é uma pedra viva e em um altar colocava aquela pedra atrás da imagem. A justificativa que o negro dava para chamar, por exemplo, N. Sra. Aparecida de Oxum era que na língua dele, na África, Aparecida é Oxum e assim eles podiam cultuar seus Orixás. 
>O que é ritual da Balança? E por que não pode soltar as mãos?



  A Balança só é feita em um Batuque que foi cortado "Quatro Pé",a partir do momento que se fez uma obrigação de Quatro pé no Batuque principal, o primeiro Batuque, terá a Balança por que foi utilizada uma quantidade muito grande de energia (sangue) dentro de um casa então é preciso dar vasão a essa energia e qual forma se tem para dar vasão?! 
Ex.:Se você tem um tarro de barro com um furinho embaixo tampado, se você coloca um pouco de água e tira a tampinha ela se esgota e acabo, agora se você colocar água até a borda e tirar a tampa, a possibilidade de romper o tarro é muito grande.
Na Balança, coloca-se os Orixás de todos os dias da semana, e esses Orixás no momento em que chegarem estão anexados uns aos outros, e quando se conecta a energia as pessoas que estão preparadas para receber ou  que já receberam seus Orixás, vão ter um choque e irão receber seu Orixá e se você soltar as mãos está cortando essa corrente de energia, ou seja, é como se estivesse quebrando o tarro de barro, liberando a energia de uma forma errada.
>Por que, em algumas nações, as pessoas não podem saber que se ocupam e no Candomblé pode?

Eu vou responder com a explicação que eu recebi do meu ex-pai de santo, existe uma lenda que diz que foi um acordo entre os Orixás que muitos Orixás,principalmente os de praia, não podem ter essa vaidade com eles e para alguns Orixás não ficarem se sentindo vaidosamente,pois isso não cabe dentro do Orixá por que ele é feito de humildade. E no Candomblé as pessoas sabem que se ocupam por que os Orixás do Candomblé não falam.
>O que é um Santo em Axerê?


O Axerê é justamente não dar tanto impacto entre a matéria e o Orixá, a pessoa que tá com o Orixá inteiro passa para o Axerê para não dar aquela falha de tempo pois a pessoa começa o Batuque na roda e quando se da por conta já esta no fim do Batuque serve para isso ficando a metade matéria e metade Orixá.
>Por que diz em que a pessoa que está no chão, não pode se olhar do espelho?


* Como eu comentei anteriormente, isso é uma vaidade e você não tem que ter essa vaidade e ficar olhando pra matéria que está ali, o que tem que existir  no chão é o respeito com a religião, com o Pai de Santo, com o seu Padrinho e com o seu próprio Orixá, então essa vaidade não tem que existir nessa Obrigação.
>Você já participou ou presenciou um transporte espiritual?

* Eu já assisti a um transporte espiritual mas eu não acredito, por que uma coisa maior e mais perigosa que um Exú, é um Egum e é muito fácil um Egum se passar por um Exú, por Caboclo, por um Orixá ou até mesmo por uma pessoa e por isso eu não aceito esse tipo de transporte.
>Pela sua Doutrina, é correto afirmar que Exú é o Diabo?


* O Exú não é o diabo, na verdade eles acharam a figura ilustrativa do Diabo como uma figura para impor medo nas pessoas,dizer que Exú é o Diabo é o mesmo que dizer que ele é aquele com quem os outros não podem, o mais forte, aquele que você tem que temer, e eles gostam de ter esse título mas o Exú não é o Diabo.
>Qual é a diferença entre Fundamento e Doutrina?

* O Fundamento é a lei maior e a Doutrina é a forma que você aplica essa lei. 
>Qual o fundamento de uma corrente?

* Uma corrente existe para concentrar a energia da casa, se faz essa corrente com todos virados para o centro para alimentar com mais energia aquele interior como comentei anteriormente, no momento que se quebra essa corrente a pessoa está dando vasão para  as  energias boas sair e as ruins entrarem. Por isso numa retirada de Ecó mantem-se a corrente para segura as energias boas e não permitir que energias negativas entrem.
>No caso do falecimento do Pai de Santo, quem fica responsável  pelo centro?


*  Geralmente é a companheira (o) que assume a casa, mas no caso de não haver é o  chamado pai ou mãe pequena da casa, ou seja, a pessoa mais antiga da casa.
>O que é um Balé? 


* O Balé é a casinha dos mortos, um buraco no chão com uma casa de madeira em cima. Para ter um Balé, você tem que ter seu Orumalé completo.
>O que significa quando uma entidade chega virada?


* É quando uma entidade chega (na encorporação) na sua máxima pureza, ou seja, o mais parecido com a realidade dessa entidade, mas isso só acontece quando  ele tiver  um motivo para isso e não é por qualquer motivo.
>O que é um Acará e qual seu fundamento?

* As pessoas dizem que o Acará é um teste por que ninguém aguentaria um Acará,antigamente se pegava um bolo de algodão e abria ele para fazer um cigarro do tamanho de um dedo,pegava uma pimenta inteira rasgava e virava ela do avesso. Colocava a pimenta dentro do algodão e colocava sal grosso enrolava bem apertada e molhava no dendê e tocava fogo e antes de por fogo deixava aquecendo em uma vela quando o sal estourava tacava fogo e o Acará era engolido, mas com tempo descobriu se que o algodão não se desmancha no estômago e não se engole mais.


>LIVRE

* Eu não me considero um Pai de Santo e sim um Zelador da Religião até por que seria incompatível com meu Orixá, e não acho que qualquer pessoa, mesmo com 40 anos de Religião, possa dizer que sabe  o que é a Religião por que a nossa Religião tem milhares de interpretações e cada interpretação diferente, eu não posso criticar ninguém por fazer a Religião da forma que ele aprendeu mas digo uma coisa: Não inventem a Religião"!





(Oxalá imagem do Google Imagens)
          


                           Pai Luiz Coimbra D'Oxalá

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Escravidão


Ao falarmos em escravidão, é difícil não pensar nos portugueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os porões de seus navios de negros africanos, colocando-os a venda de forma desumana e cruel por toda a região da América.
Sobre este tema, é difícil não nos lembrarmos dos capitães-de-mato que perseguiam os negros que haviam fugido no Brasil, dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, da dedicação e idéias defendidas pelos abolicionistas, e de muitos outros fatos ligados a este assunto. 


Apesar de todas estas citações, a escravidão é bem mais antiga do que o tráfico do povo africano. Ela vem desde os primórdios de nossa história, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Podemos citar como exemplo os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os começos da História.  
Muitas civilizações usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Grécia e Roma foi uma delas, estas detinham um grande número de escravos; contudo,muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar sua liberdade.  

Escravidão no Brasil
No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.
O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.
Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.
As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.
No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.
O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
A característica mais marcante da escravidão é o fato do escravo ser propriedade de outro ser humano. O escravo é uma “propriedade viva”, sujeita ao senhor a quem pertence. Nesta situação, o escravo é uma coisa, um “bem” objeto.


Sendo um bem objeto ou coisa do senhor, ou seja, sua propriedade, o escravo se tornava mercadoria de todos os tipos de transações nas relações mercantis. Assim, pelo direito de propriedade, o senhor podia vender seus escravos, alugá-los, emprestá-los, doá-los, transmiti-los por herança ou legado, penhorá-los, hipotecá-los, exercendo, enfim, todos os direitos legítimos de dono e proprietário.

Assim, o senhor tinha o direito de utilizar a força de trabalho do escravo pelo modo que lhe conviesse, de modo a conseguir dele o maior proveito possível, assegurando em troca a subsistência necessária para sua manutenção.


Equiparando-se às coisas e propriedade de outra pessoa, o escravo não era cidadão, sendo privado de quaisquer direitos civis. O escravo podia constituir família, mas continuava marido, mulher e filhos propriedade do senhor, que não podia, no entanto, separar os cônjuges e os filhos menores de 15 anos.

 Fonte: google.com        

Em breve, continuaremos a falar sobre a escravidão.



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Entrevista com Pai Marcos D'Yemanjá


                                Pai Marcos e sua esposa Rosimere (Pomba-gira Sete-saias e Exú Veludo).


A entrevista de hoje é com Pai Marcos D’Yemanjá que tem seu Ylê situado  na Rua Gaspar de Lemos 316, no Bairro Navegantes. Nessa entrevista ele fala um pouco sobre ele, sua casa e sua trajetória de vida religiosa.




ENTREVISTA:

> Como se chama seu Ilê e por que você escolheu esse nome?
* O meu Ilê se chama Ilê Afro Pai José de Aruanda Candomblé Oju Omi de Xangô Iemanjá e Oyá, Xangô por causa do meu pai de santo (Pai Nilo De Xangô) Iemanjá por ser meu Orixá de cabeça e Oyá pela minha esposa Rosimere de Oyá.
Meu Ilê foi fundado no dia 7 de dezembro de 1994 completando neste ano 18 anos.,tenho meu próprio Ilê situado no bairro Navegantes, na rua Gaspar de Lemos.
> Qual é a sua formação, pela Religião?
* Sou Filho de Santo do Pai Nilo D’Xangô(Reino de Yemanjá Candomblé de Xangô).
> Por que você escolheu entrar para essa religião e o que motivou a abrir um centro espirita?
* Me criei dentro da religião, e completei 20 anos de apronte no dia 2 de junho. Antes de me tornar pai de santo, passei por muitas casas como alabe, toquei e participei de várias obrigações  e sempre tive vontade de ter minha própria casa, já nasci com essa ideia e hoje eu sou Pai de Santo e tenho meu próprio Ilê.
> Seus filhos (carnais) e a sua esposa são dessa Religião por qual motivo?
* Quando conheci minha esposa, ela já era da religião, minhas filhas entraram por ver o andamento das coisas, mas antes que elas fizessem alguma obrigação, eu sentei e conversei com elas e expliquei que a Religião é uma coisa séria e de grande responsabilidade, pois elas teriam que, muitas vezes, abrir mão de festas e coisas do tipo para cumprir com obrigações da Religião.


> Qual a nação da casa? Fale um pouco sobre.
* Candomblé de Angola, o Candomblé a árvore da Religião, todos são de Candomblé, pois ele é dividido em Candomblé de Jêje, Candomblé de Angola e por ai vai.
> Como funciona o sistema da casa?

Geralmente realizamos terreiras duas vezes nos mês e em datas festivas para que não se torne cansativo para os frequentadores.
Meu Ilê realiza um trabalho de proteção ao meio ambiente fazendo a entrega de trabalhos em determinados lugares, de forma que não  polua e nem denigra a imagem da Religião aos olhos de uma pessoa leiga.
Sou filiado a URUMI (União Rio-grandina de Umbanda e afro Mãe Iemanjá)e tenho orgulho da minha Religião.




 > Existe algum critério para frequentar a casa? Qual?
* Ter respeito acima de tudo, tanto com os frequentadores antigos na casa como também com os Orixás e Guias.
> Cite algo feito na Religião que você não concorda.
* Existem duas coisas que não concordo, com a mistificação, o “Pai” se vestir de Santo para falar o que tem vontade, e o pior de tudo, e o fundamento e as coisas antigas que estão se perdendo.
> O que é necessário para uma pessoa se tornar seu filho (a) de Santo?
* Antes de mais nada ser amigo e verdadeiro, pois não existe função numa casa se não houver amizade e cumplicidade de ambas as partes.
> E para apenas frequentar a casa (assistência)?
* A casa é aberta, uma casa de Religião não deve descriminar ninguém. Se entrar um mendigo na casa, como já aconteceu, ele terá o mesmo tratamento como uma pessoa normal, tanto em dia de festa quanto em dia normal.
> Qual foi a primeira entidade que você recebeu?
* Minha primeira entidade foi o Preto-velho Pai José de Aruanda.
> Por que o sacrifício de animais é tão essencial na Religião?
* O sentido do sacrifício esta na Bíblia, Deus ordenou a Moisés que sacrificasse seu filho para provar sua fé e no instante em que seria feito, Deus ordenou que ele cortasse um cordeiro e essa passagem da bíblia esta exposta até os dias de hoje na famosa frase cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo.
> Existe um tempo determinado para que um filho de santo se apronte (receba seus axés, santos...)?
* Existe sim, pois o termo Aprontar-se indica que não é mais necessário o Pai de Santo para colocar a mão nas obrigações, mas até se aprontar leva se, no mínimo, 7 anos para aprontar tanto o Filho de Santo quanto o Orixá, aprender a dançar, fazer trabalhos etc. Após os 7 anos, se o  Filho tiver condições de levar seus axés e abrir seu Ilê deixando de ser um fruto para se tornar uma árvore.
> Qual a sua opinião sobre pessoas que tem dinheiro se aprontarem no tempo que desejam?
* É uma tristeza, acho que não tem outra denominação, por que uma pessoa que se apronta sem fundamento, não tem nada a oferecer aos outros, ou seja, é uma pessoa vazia.
> O que é um Ecó?
* A palavra Ecó significa ação de despachar ou ritual de despachar para o Exú ou Orixá, dependendo da situação do ritual que está sendo realizado.
> Por que se soltam os Exús no carnaval?
* A função do Exú já diz, festa do diabo, festa da carne,entre outros. Soltam-se os Exús para nos defender nesta época, para cobrar promessas, para brincar seguramente sem problemas, junto com Exú nos divertimos e ao mesmo tempo levam tudo de ruim para longe.

                                            

                                      Batizado realizado pelo Caboclo de Pai Marcos.


> Livre!
Religião só é discutida por quem sabe e por quem respeita. Quem não tem fundamento nem respeito não pode jamais discutir religião.
O ser humano está criando uma barreira entre o mundo espiritual e ele mesmo, afastando cada vez mais as entidades das pessoas e chegará o dia em que o filho chegará ao terreiro e verá que as entidades não estão mais chegando.
Palavras de Pai Agostinho e Pai José de Aruanda (fundador da casa).
Agradeço pela oportunidade de dar meu parecer sobre a religião.





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