quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Quimbanda

( Foto retirada do Google Imagens )

 

Denomina-se Umbanda Branca,aqueles que trabalha unicamente com Pretos Velhos e Caboclos.Esquecendo que onde se pratica o espiritismo, existe todo tipo ou grau de espírito.Exu é um dos grandes pontos de conflito na Umbanda com relação a outras Religiões, por falta de entendimento. 

Muitos acreditam que nossos Exu são demônios maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se regozijam das perversidades que podem provocar. Para nós Exu é um Orixá, mas por que este Orixá, irmão de Ogum animado, gozador, alegre, divertido, sincero e sobretudo amigo é comparado com demônios das profundezas macabras dos Infernos? 

Bem, para conhecer esta história vamos viajar para 6.000 anos atrás, local, Mesopotâmia. A Demonologia mesopotâmica influenciou diversos povos, Hebreus, Gregos, Cristãos e outros que sobrevivem até hoje. Na Mesopotâmia, os males da vida que não constituíssem catástrofes naturais eram atribuídas a fazer isso. Os Bruxos, para combater as forças do mal tinham que conhecer nome dos Demônios e perfaziam enormes listas. 

                                                        ( Foto retirada do Google Imagens )

O Demônio mau era conhecido genericamente como Utukku, o grupo de sete (7) Demônios maus é com frequência encontrado em encantamentos antigos. Se dividiam em machos e fêmeas, tinham a forma de meio homem ou mulher, cintura e pernas de cabra e garras nas mãos. Os Demônios frequentavam os túmulos, caminhos (encruzas), lugares ermos, desertos, especialmente durante a noite. Nem todos Demônios eram maus, havia os bons que combatiam os maus, os benignos são representados como gênios guardiões em número de sete (7) que guardam as porteiras, portas de templos, cemitérios, encruzas, casas e palácios. 

Bem, os negros em suas Senzalas nas quais os brancos achavam que era forma dele eles saudarem os Santos, incorporavam alguns Exus com seu brado e jeito maroto e extrovertido assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os médiuns dizendo que eles estavam possuídos pelo Demônio. 

Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua hipótese de que essa forma de incorporação era devido ao Demônio. Assim, como Exu não é bobo assumiu, sem  dizer que sim ou que não, esse esteriótipo colocado pelos brancos.

 

                                                                 ( Foto retirada do Google Imagens )




                      Texto retirado do livro: Umbanda e Quimbanda de Ety J. Pepino de Aguiar.

domingo, 19 de agosto de 2012

Entrevista com Mãe Sylmar D'Oxalá


Yalorixá Mãe Sylmar D’oxalá

 


A entrevista de hoje é com a Mãe de Santo do nosso entrevistado anterior (Luis Coimbra D'Oxalá) a Yalorixá Mãe Sylmar D'Oxalá. Como falamos anteriormente, o centro dela se localiza no bairro Parque Marinha.




ENTREVISTA:


>Como se chama seu Ilê e por que você escolheu esse nome?
* Centro Espírita de Umbanda Afro Reino de Oxalá e Iemanjá e seguidores do Caboclo Girassol registrado pela URUMI.
 

>Por que você escolheu essa Religião?
 Quando eu tinha, mais ou menos, sete anos eu já tinha vidência e minha mãe, que não era de Religião, começou a me levar no Cruzeiro do Sul e lá eles fecharam o meu corpo e com 12 anos ela teria que me levar numa casa de Umbanda, e na esquina da minha casa tinha uma terreira e minha mãe me levou para essa casa onde comecei minha Religião. Fiquei um tempo nessa casa e depois fui para outra onde fiquei mais um tempo até chegar à casa do meu último Pai de Santo Brandão D’Iemanjá que já é falecido e hoje não tenho Pai de Santo.

 >Qual foi à primeira entidade que você recebeu?
A primeira entidade que recebi foi o Caboclo Girassol.

>O que você acha da exposição da religião na mídia (TV, rádio, internet, redes sociais, entre outros.)?
* Depende o que vai se expor, já vi filmagens e fotos de Obrigações na internet e eu jamais faria esse tipo de coisa e na minha casa não deixo bater foto das Obrigações. Eu acho que a Religião não é para ser exposta dessa forma.

>Por que no batuque as pessoas tem que andar em circulo, quando numa terreira de caboclo a corrente é voltada para o centro?
* No Batuque se dança na volta e as pessoas estão passando pelos seus Orixás, recebendo eles nessa dança, onde você dança na roda automaticamente esta passando pro seu Orixá e a corrente não precisa desse movimento por que ela é uma concentração e no Batuque não precisa dessa mesma concentração.

>Pela sua doutrina, como uma entidade recebe a permissão para falar, em uma terreira?
* Tem pessoas ela chegar hoje numa corrente e receber uma entidade e essa entidade se ajoelha e riscar seu ponto na primeira vez que chegou e tem pessoas que pode levar anos. Então não existe um tempo determinado vai do Cacique quando vê que a pessoa já tá recebendo sua entidade sozinha, ele chama a entidade e pergunta se ela esta preparada dar prática (dizer quem é). Ninguém obriga uma entidade a dar prática, quem tem que responder se está pronto pra dar prática é a própria entidade que tem a permissão de dar prática, riscar seu ponto e explicar o ponto e dizer quem ele é quem tem que saber é a entidade e não a gente. Na minha casa eu chamo as entidades e pergunto se ela está pronta pra dar prática, alguns dizem que sim e outros dizem que não, e quando eles estão prontos eles mesmos me fazem sinal que já estão prontos pra dar a prática.
 
>Pela sua doutrina, por que se toca o sininho durante as obrigações (terreira,batuque etc...)?
* Toca se o sininho para fazer a chamada do Orixá.

>Para você, a partir de que idade uma pessoa pode receber uma entidade?
* Depende de cada pessoa e do grau de mediunidade de cada pessoa.

>O que é um Cambono e qual sua função na terreira?
O Cambono, na Umbanda, é uma das figuras mais importante depois do Cacique pra depois vir o Tamboreiro. O Cambono deve ser uma pessoa de plena confiança da casa, por que todas as entidades que vão dar uma consulta pra qualquer pessoa da assistência ou da casa mesmo, ele tem que ter o Cambono junto até mesmo para as pessoas não saírem dizendo que a entidade disse uma coisa e aquilo não ser real.

>O que seria um Exú e uma Pomba gira?
* A Pomba Gira é o espírito pouco doutrinado que vive junto de nós na terra. As pessoas dizem que a Pomba Gira tem chifre e rabo, mas essa é uma imagem feita pelo homem. Fazem essa comparação por que é um espírito de menos luz do que um Caboclo, um Preto velho, e que vive muito no nosso plano e por isso as pessoas que não conhecem julgam dessa forma, mas não é verdade.

>Com quantos anos você abriu sua casa de Religião?
* Em 1986 tive o meu primeiro registro, foi quando comecei a ter casa de Religião, e eu vou fazer mais ou menos 36 anos de apronte.
 
>Por qual motivo seus filhos (carnais) também são dessa Religião?
Meus filhos são da Religião por gostar e ter afinidade com a Religião e por, também, eu induzir eles a serem da mesma Religião que sou. As pessoas dizem que tem que ir quando tiver certeza, com tal idade... e eu acho que os maiores preconceituosos da nossa Religião somos nós mesmos.

 >Existe um tempo determinado para que um Filho de Santo receba seus Orixás e se torne Pai ou Mãe de Santo?
Eu acho que existe sim, por que tem que ter uma preparação para isso, mas não existe um tempo exato por que varia de pessoa a pessoa, tem que ter uma boa preparação para receber seus Orixás, Axés etc...

                              
     
LIVRE

 Uma coisa que eu vejo muito é a falta de união e respeito entre as famílias africanistas, principalmente entre os Pais de Santo. Se os Pais de Santos respeitassem mais a sua própria casa de religião e as entidades com certeza eles conseguiriam passar sua doutrina para seus filhos.Espero que haja mais união e que as pessoas não descriminem sua própria religião.


Endereço: rua Mar Adriático, casa 90
Bairro: Parque Marinha        
Telefone para contato: 21253113/ 81080655            
E-mail para contato: sylmarcascaes@hotmail.com
Horários de atendimento:14hs ou hora marcada.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Um pouco mais sobre Umbanda




Falar sobre a Umbanda não é uma tarefa fácil, principalmente, quando há uma diversidade de opiniões, ritualística e até mesmo preconceitos.
A Umbanda assim como o próprio cristianismo e outras religiões, se ramificou: Umbanda traçada com Candomblé, Umbanda branca Umbanda Esotérica,Umbanda Traçada com Quimbanda e tantas outras.
Esses diversos nomes não tiram o mérito da Umbanda de ser uma única Religião, porém, com diversas formas doutrinárias, ritualísticas etc...
Falarei da Umbanda, como a conheço, como me foi e é ensinada. Embora, saiba que muitos não admitam essas ramificações e vejam isso como um ponto fraco, entendo que isso é que a torna rica e culturalmente  diversificada. Acolhendo a todos, independente de sua cor, credo, raça, opção sexual, condição econômica, nível social ou de instrução. 
A umbanda é uma Religião para todos, com várias nuances mas que acolhe seus filhos de braços abertos, como uma verdadeira mãe. Não falarei de maneira unilateral  ou como definitiva, pois tudo evolui, e seu lado mutável, e isso só é feito com o tempo.                            
                                          Umbanda no Brasil 

O africanismo teve sua origem trazida da África para o Brasil, que nos porões dos navios vinham em centenas. Vieram de todas as nações: Nigéria, Keto, Cambinda, Congo, Moçambique e outros.
O tráfico desses negros escravos iniciou-se no século XVI a XIX, são portanto 400 anos de existência da Cultura Negra no Brasil.
O Sincretismo religioso surgiu dentro das senzalas brasileiras, onde os negros transportados para o Brasil, como forma de mão-de-obra escrava não tinham direito a ter família, Religião ou credo.
Os Senhores Feudais os obrigavam a crer na Religião Católica, aceitar a eucaristia e, consequentemente, a adorar santos Católicos. Sem alternativa, eles montavam dentro das senzalas, altares. Faziam o assentamento (montagem com todos os seus adereços e rituais) da divindade africana.
O assentamento era feito no chão e sobre eles era colocado uma pedra. Em cima desta pedra os escravos colocavam o santo Católico que mais se assemelhasse ao Orixá.
E quando chegava a noite, longe dos olhos da Casa Grande, começava a adoração aos deuses africanos. O manto dos Santos caia dando lugar as rezas, cantorias e danças. Preparando assim, os filhos e dando um pouco de esperança ao povo já tão sofrido, cujas raízes lhes haviam sido tiradas.
Com os escravos foragidos e libertados pela Lei Áurea (13 de maio de 1888), começou a montagem de tendas, e posteriormente os terreiros. Os escravos, que em outros tempos tinham que  trabalhar às escondidas, agora livres  serviam tanto aos de seu povo quanto aos brancos.
Também nessa época, as casas maçônicas e os espíritas de Allan Kardec, já haviam firmado seu lugar e foi no meio dessa conjuntura religiosa dominada por brancos católicos, espíritas e maçons que as raças mais sacrificadas desrespeitadas e desqualificadas pelos brancos (os índios e negros) começaram a dar início à Umbanda.
Já no fim do século passado, médiuns começavam a incorporar almas de escravos e índios que vinham na intenção de servir aos vivos, mas estes espíritos não eram aceitos por que até então não se conhecia o que mais tarde seria chamado Linha das Almas. Mas essas incorporações eram o prenúncio do início  da Umbanda no Brasil.
                                                                                  (Mandala da Umbanda)
                                                 Primeiro Terreiro
O dia da Umbanda é comemorado no dia 15 de Novembro. Nesta data  no ano de 1908, um jovem de apenas 17 anos de nome Zélio Fernandino de Moraes incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Zélio foi atacado por uma estranha paralisia que a medicina não conseguia curar, um dia levantou-se da cama e começou a andar como se nada houvesse  acontecido. Procurando encontrar uma explicação para o que tinha acontecido, procurou a Federação Espírita de Niterói, onde foi convidado a participar da mesa, a sua presença  provocou a manifestação nos médiuns, de espíritos que se diziam de pretos escravos, índios e caboclos, e ele próprio pela primeira vez o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
 Foi imediatamente advertido para que se retirasse pois o chefe dos trabalhos o recebeu como um espírito sem luz. O caboclo, mostrando seriedade e altivez, interpelou quem o expulsava afirmando que ali estava para simbolizar a humildade e a igualdade que deve existir entre os homens encarnados e desencarnados; deixando claro que sua condição de índio não devia servir para diminuí-lo. Diante da insistência do coordenador dos trabalhos para que se retirasse o Caboclo declarou  que no dia seguinte iniciaria novo culto e que este seria propagado pelos quatro cantos.
Se julgaram atrasados esses espíritos dos pretos e índio, quero dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho, para dar início a um lugar em que eles poderão dar suas mensagens, e assim  cumprir a missão que o pai os confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a paz que deve haver entre todos os irmãos. Não haverá caminhos fechados para mim.
E assim foi feito, no outro dia ele voltou e encontrou diversas pessoas que, sabedoras do ocorrido, tinham para lá se dirigido a fim de se consultarem. Dessa forma, aconteceu      a primeira Sessão de Umbanda. Neste dia, também o Preto-velho Pai Antonio se manifestou.
O Caboclo cumpriu a promessa e entre 1918 e 1937 foram fundadas diversas casa no Rio de Janeiro. Em 1920, o movimento começa a espalhar-se pelos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul o primeiro terreiro de Umbanda, fundado em RIO GRANDE por Otacílio Charão. Em 1932, Laudelino Gomes funda o primeiro terreiro em Porto Alegre.








Texto retirado do livro: Umbanda e Quimbanda de Ety J. Pepino de Aguiar